A volta da Blue

Em agosto de 2016 eu fui até Carlos Barbosa, cidade da Serra Gaúcha, olhar uma Brasília azul 1980 para comprar. Tudo porque eu comecei a procurar umas rodas pra trocar no 79 (Fusca 1300L) Praticamente cinco anos depois essa Brasília está finalmente QUASE pronta.

Eu divido em três fases a vida dessa Brasília. A PRIMEIRA delas vai do momento que ela chegou aqui até a hora que ela foi para a primeira intervenção para a troca do papo (frente do carro). O estado dela não era dos melhores nessa área e achei um cara pra fazer serviço. Minha ideia não era perder o estilo rat look dela, era apenas trocar o papo que tinha muita fibra e estava abrindo e soldar a frente que também estava bem ruim.

A solda foi feita e o papo trocado, mas o tiozinho que fez o serviço acabou com os para lamas dianteiros. Outra história. O fato é que perdemos a essência do carro ali. Essa é a primeira fase dela. Na foto abaixo um dia depois dela chegar em casa.

A SEGUNDA fase começa quando eu pego o carro dessa oficina que assassinou a blue e não sei mais o que fazer com ela. Isso vai de outubro de 2016 até mais ou menos março de 2017. Que é um momento em que ela fica em um limbo, quase sem andar. Foi um tempo em que me arrependi de ter comprado o carro algumas vezes, porque deu errado.

Essa é uma verdade que precisa ser dita, não é fácil ter um carro antigo e precisar de ajuda. Demorou até eu entender o processo todo, pra eu aceitar que não era apenas achar alguém que fizesse um serviço e pedir pra ele fazer. Esse caminho nunca foi reto.

O vai e vem foi muito grande. E eu comecei a testar fazer alguns serviços em algumas oficinas, pra tentar ver se alguma poderia efetivamente fazer algo. Eu chegava e perguntava se trabalhavam. Aí dizia que precisava de tal coisa. Se a resposta fosse positiva eu deixava o carro após acertar o valor do serviço. Óbvio que pagando por cada reparo separado o valor da reforma seria mais alto, mas como saber se a oficia faria o serviço?

Duas oficinas fizeram serviços separados na Blue, mas ambas na hora de tentar fazer mais coisas não corresponderam. Foi em fevereiro de 2017 que mudou tudo.

A TERCEIRA fase, mais longa de todas, começa em um encontro de carros aqui na minha cidade mesmo, Gravataí. Foi em um encontro aqui que conheci o IVC e foi aqui que falei com o Gustavo pela primeira vez pessoalmente. Ali eu falei com ele sobre o Márcio, outra pessoa inclusive me recomendou os trabalhos dele.

Só que eu estava tão, mas com o pé tão atrás que na semana seguinte resolvi começar a fazer a reforma em casa mesmo. Comprei um compressor, uma pistola, umas mangueiras e conexões, além de uns acessórios… máscara, luvas, lixas e é óbvio tinta.

Comecei pelo que era mais fácil e conseguia tirar do carro. Capô e para lamas eu levei dois meses pra tirar do carro, preparar, pintar e voltar pro lugar. Ficou bom. Aceitável para uma pessoa que nunca tinha pintado nada na vida.

O simples fato do carro brilhar já era uma vitória e isso me levou a partir pro resto do carro. Só que foi aí que vi que não tinha condições logísticas para efetuar a reforma. Explico. Uma peça é “fácil” de pintar porque você não precisa ter muito espaço. Agora um carro, pra ficar bom você precisa ter um lugar para guardar ele para o antes/durante/depois da pintura. Preparar, pintar e aguardar. Isso eu nunca tive e por esse motivo eu me dei muito mal.

Cheguei a pintar ela duas vezes em casa.

A segunda vez eu mudei o projeto. Ao invés de brilho fui para um azul fosco. Por um erro de execução acabei deixando ela fosca sem querer. Depois acabei comprando tinta fosca mesmo e repintei.

A rereforma dela virou até conteúdo no canal. É uma experiência que eu tenho hoje que vale muito. Bater cabeça, ter que encontrar soluções pra coisas que nem o Youtube vai te mostrar e errar bastante.

Porém nesse processo todo eu apostei a minha fé no carro. Ao ponto de que no final da segunda pintura pensar em vender o carro como estava, desmontado, por não ter conseguido chegar num ponto minimamente aceitável.

O carro ficou praticamente dois anos parado entre um processo e outro, que não vou detalhar aqui. Porém em Fevereiro desse ano (2021) eu resolvi fazer o seguinte. Lixar, deixar nivelada a pintura, montar e andar.

Depois de lixar ela com uma lixa fina e lavar o que vi foi essa foto abaixo.

Não tava tão ruim e aquilo me deu o start. Fui falar com o Leonardo, pra ver como estavam os horários dele. Casualmente ele estava entregando um carro e abriria um espaço pra Blue. Ele veio ver o carro, acertamos o valor e ela foi pra lá.

O Márcio poderia ter pintado a Blue também, mas ele estava cheio de carros e não quis atrapalhar a fila dele. Porque se eu tivesse pedido ele teria aceitado, mas iria acabar com a cadência dos trabalhos por lá.

Essa terceira fase foi a triste.

Mas agora ela voltou, como eu nunca tinha visto. Ficou muito, mas muito melhor do que eu havia imaginado. Falei pro Leonardo que queria ela apenas azul, com brilho, mas ela ficou muito além do que poderia esperar. Tem um caminho pela frente ainda, porém já estamos trabalhando nos detalhes. Vai longe ainda pra falar a verdade, porque não depende apenas da boa vontade. Tem dinheiro envolvido e as peças hoje estão muito caras.

O principal ponto são os para choques. Gostaria de colocar os cromados que são dela e estão na White. Isso é tranquilo de fazer, ainda que seja chato. Talvez também destroque o jogo de rodas, além de uma que outra coisinha aqui e ali que precisam ser feitas. Nada muito complexo.

Abaixo o vídeo do retorno dela pra casa.

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