Legalizando a Kombi rebaixada

É verdade que tanto a Eva quanto a Brigitte estão em um nível de altura que não é nada absurdo. Não inviabiliza pegar uma estrada de chão ou andar nas nossas ruas. Sem preocupação é impossível andar, no entanto com o mínimo de cuidado. Na real, quais são as tretas pra legalizar baixo?

Primeiro Ponto | O que fizemos

Baixar a Kombi é relativamente simples, embora o processo seja bem complicado. Inverte as mangas dianteiras e desce uns dentes no facão da traseira. Porém isso altera praticamente tudo. Cambagem vai pro espaço, barras de direção precisam ser trabalhadas e ou trocadas, não é possível usar o setup de pneus da kombi mesmo. Esquece o 8 lonas por exemplo. 185/70 acredito que já pegue na dianteira, e é mais uma questão de medir e fazer uns cálculos do que cravar uma medida. Brigitte estava com 175/??? na frente e 185/70 na traseira, ambos aro 14. Traseira é mais tranquila de trabalhar, o espaço vertical lá é bem maior na caixa de roda, ainda que o horizontal não, tem um limite físico do para lama mais baixo.

O jogo de roda anterior tinha largura de apenas 4 polegadas. Colocamos na frente rodas 5,5 e na traseira 6,5. Por fora parecem ter a mesma profundidade, na traseira a tala está pra dentro, justamente por conta do para lamas. Sobra meio centímetro, talvez menos. Os pneus são 195/50/15 que eram os da Jô. Pareciam grandes lá (foto abaixo), na Brigitte pelo tamanho do carro parecem muito pequenos.

Nessa configuração nunca pegou o pneu no para lamas dianteiro, mas eu confesso que acho pouco pneu, poderia ser 195/55, muda 1 centímetro a mais de lateral. Na Eva essa medida pega um pouco, quando o desnível é grande e a velocidade é mais alta também. Se cuidar nunca pega.

Li na internet que os pneus não podem pegar nas caixas de roda quando você esterça o volante todo. Além é claro que a altura mínima permitida é 100mm ou 10cm. Logo estamos bem longe do mínimo, 160% acima. Ela foi legalizada com 26cm de altura.

Aí você pensa: “pow 26cm, tudo isso?”. Verdade é bem alto, mas, em alguns casos a altura da Kombi chega aos 40cm. Um pouco mais que 30% menos. É difícil compreender assim, mas vamos supor que você recebesse 30% menos pra trabalhar do que você recebe hoje. Seria bastante não?

Não achei a altura exata em relação ao solo da Kombi antiga. Mas achei um blueprint que mostra 705mm do chão até o início do farol. A mesma medição na Brigitte dá em torno de 550mm. É uma referência. Na foto acima com a altura original e depois de rebaixada.

Segundo Ponto | O que prestar atenção

Como o carro terá que passar por duas vistorias, precisa estar 100% apto. Tudo que normalmente é analisado quando você transfere o veículo será visto. No entanto até onde vi no Inmetro a vistoria vai além, testam também altura dos faróis, suspensão e freios. Além é claro numeração do chassis, motor, plaquetas, lâmpadas, buzina, entre outras coisas.

Como estava tudo certo, freio, suspensão, elétrica, cintos de segurança, estepe, triangulo, chave de roda, macaco e extintor de incêndio que nem é mais exigido eu tinha, dentro da validade, passamos sem problemas. Dei uma atenção extra para os freios, revisamos antes, também para a parte interna. Cintos de segurança novos e funcionais. Uma manutenção complicada foi a troca do rolamento da roda traseira. Além de deixar ela solta, que poderia fazer diferença na vistoria, ainda roncava bastante.

O único incoveniênte foi que o vistoriador não conseguia engatar a marcha ré, a alavanca lady stillo tem o funcionamento diferente da original. Ao invés de colocar pra baixo, você puxa ela pra cima e depois pra trás. Foram alguns minutos tentando até que eu resolvi intervir na situação. Antes que algo pior ocorresse.

Um ponto chato, tive que tirar tanto no Detran, quanto no Inmetro a chapa traseira para pegar o número do chassis. Que fica num lugar bem propício para desaparecer. Com ferrugem e o próprio desgaste da peça em si. Afinal é um veículo prestes a completar 50 anos. O vistoriador já olhou com cara de “Ihhhh, não tem”. Mas tinha e ainda tem.

Nada que um Kombeiro não faça de boas. Já deixei com dois parafusos justamente pra ficar mais fácil. Não é a primeira vez que desmonto carro pra pegar numeração. Outra história.

Terceiro Ponto | Valores e Auxílio

Já li e isso é bem normal, que os valores e taxas para realizar essa operação variam de estado para estado. Então acredito que dependendo da região, falando hoje em 2023, que tendo entre 700 reais e 1000 reais para esse fim, vai ser possível. Claro falando apenas das taxas, não contando qualquer tipo de serviço que tenha que ser feito no carro para adequá-lo (rebaixar) e ou manutenção e equipamentos para passar na vistoria. Apenas as taxas.

Fizemos todo o procedimento com Despachante. É óbvio que ele cobrou pelo serviço dele. Mas nem foi pra desenrolar nada, ou conseguir alguma vantagem, estava tudo certo com o carro. E sim porque eu só precisei levar o carro para a vistoria. Não perdi tempo em fila pra pagar nada, não comi capim pra entender o que precisa ser feito e quando, só levei lá e perdi apenas o tempo das vistorias mesmo. No Inmetro dependendo do que estiver na sua frente demora. Um caminhão ficou quase uma hora sendo analisado para saber se poderia rodar no Mercosul, por exemplo.

Essa expertise, em saber o que, com quem, quando e como fazer eu não tenho. É óbvio que se fizesse isso toda a semana não precisaria de ajuda, mas foi essa vez e sabe-se lá quando será a próxima. Espero que demore bastante, porque cansa.

Recomendo se quiser estressar menos procurar ajuda.

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